sábado, 15 de maio de 2010

# 1 = música e (é) arte



Levi Nauter

Com este texto dou início a uma série de pensamentos e reflexões que intentam refletir sobre a música como uma arte abrangente. Ao mesmo tempo, e isso é inevitável, estará descortinando minha opinião sobre música, bem como meu gosto por essa arte milenar.
Absolutamente todos os trabalhos e/ou artistas a respeito dos quais falarei, o farei restringindo-me ao aspecto artístico-musical. Se eventualmente eu falar de alguma especificidade (a indumentária, a maquiagem ou aspectos afins) buscarei demonstrar o prejuízo – ou não – para o resultado final da obra (ou peça) em análise. Eu não tenho nenhum interesse pessoal com nenhum artista; não pertenço a nenhuma entidade artística, muito menos ganho algum valor econômico com meus comentários, com as minhas reflexões.
Vou dar um exemplo prático. Há um excelente compositor, bom instrumentista, que bem sabe escolher suas canções, os CDs possuem qualidade sonora. Estou falando, artisticamente, de Jorge Vercilo. No entanto, sua voz é horrível – não mescla agressividade com sensibilidade. É uníssona, apenas cumpre bem o papel. No meio evangélico, lembro-me – agora – de uma cantora chamada Eyshila. Boa distribuição de seus produtos, grande poder de penetração na mídia evangélica, boa qualidade instrumental e, pra mim, só. Penso que sua voz é mal aproveitada; há um excesso do que eu chamaria de 'dengosura', muita 'melosidade' e uma voz que me soa como insegura, sem poder agressivo (agressivo em termos musicais, entenda-se bem). Além disso, seu repertório me parece ainda mais estragadio, com rimas pobres. Com todo o respeito que eles merecem, a seus sucessos eu atribuiria muito mais à repetição midiática que ao talento ou dom (como preferem os que espiritualizam tudo).
Haverá momentos em que vou tratar assim os músicos: com bastante crítica. Alguns compositores poderão sofrer a mesma crítica, bem como os músicos instrumentistas. Sim, porque para mim existem “músicos-instrumentistas” e “músicos-vocalistas”.
Não haverá acepção de crença. Ou seja, comentarei cristão e não-cristãos. Eu sou cristão (evangélico; não pentecostal), mas a música é uma arte – não conhece religião. Em geral, os cristãos amam  cantar o próprio umbigo, algo que Cristo não faria. As músicas midiáticas do mundo gospel estão aí para provar que os fiéis buscam a elevação do moral, precisam de músicas utilitárias (noutro post melhor explico). Serei crítico ferrenho dessa coisificação de Deus.
Acontece que para o enlevo da minha fé, da minha crença, para a minha aproximação maior com/e em Deus a música é apenas um dos meios; há outros – quiçá a oração seja bem mais forte. Ademais, minha crença não pode ser abalada, por exemplo, porque ouvi os afro-sambas do Baden. Do contrário, minha fé estará mais para lá do que para cá.
Então, fica minha primeira definição do que penso sobre Deus e música. Ele se esconde em todos os lugares (salmos 139). Quando ouvimos (e não só escutamos) uma música, Deus está lá acenando-nos. Ele não depende de cantores midiáticos, nem do próprio rebanho proclamador. Deus, pelo menos O que eu sirvo, transcende a tudo e a todos.
Portanto, vejo-O tanto na música cristã quanto na dita 'música do mundo', a não cristã. É disso que tratará este blog: da arte musical. Esta, com as devidas ressalvas, está muitos e muitos anos a frente da chamada música gospel.

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