sábado, 16 de abril de 2011

música para amar

Levi Nauter

Quis muito postar comentários sobre CDs que venho curtindo. Costumo ouvir um trabalho semanal, alternando, de quando em quando, alguma música específica que esteja como que me ‘chamando’ à audição. No entanto, fiz uma exigência a mim mesmo: nada seria comentado antes do trabalho que serviu de cortina musical para os meus encontros amorosos. Pelo impacto causado a mim e a minha mulher, pareceu-me justo e cerimonioso iniciar com quem me ajudou a beijar a mulher com quem casei mais tarde. Comecei bem, com um inglês.
A seguir, pago a dívida comigo mesmo e inicio comentários de CDs ou artistas[1].

Era uma tarde de sábado, estávamos na casa de amigo. Lá nos reuníamos para tomar café da tarde, ouvir música, assistir a jogos de futebol e falarmos a respeito daquelas meninas que chamavam a nossa atenção. Mas essa tarde era diferente. Elas estavam presentes também. Eu particularmente estava eufórico. Na sala estava uma menina que me despertava; queria tanto aquela mulher. Tinha uma voz linda, uns olhos verdes que pareciam saltar aos meus olhos. Ademais, já havíamos feito até peças teatrais juntos na igreja que frequentávamos.
O papo estava ótimo. Enquanto conversávamos e riamos juntos, rolava o excelente vinil do trio Wilson Philips[2] – de 1990. Mas nada se compararia quando começasse o som daquele inglês que eu pouco sabia de sua obra. A agulha indicava o fim do trio e a hora de trocar por outro vinil.
Colocamos, então, o trabalho que mais rodava nas rádios naquele ano. Listen Without Prejudice  continha ( e ainda hoje é assim) uma apologia à liberdade. Freedom estava estourada nas rádios. E para mim George Michael tinha a voz que eu gostaria de ter. Seus arranjos vocais e seus backing vocals me fascinavam, parecia-me que não tinha aquela quase obviedade americana. E isso me parecia evidente frente ao silêncio que se fazia na casa enquanto ouvíamos They won’t go when I go.  
Mas o que eu queria mesmo era dar um beijo naquela menina. Naquele mulherão ao meu lado. Mais uma música cujos vocais arrasavam. E eu mais perto do beijo. Provavelmente porque ela cantava também fomos como que ficando apaixonados. E a nossa música de inspiração para o beijo vinha chegando.
O piano começou a tocar melancolicamente, a bateria jazzisticamente ia dando o swing e estava no ar Cowboys and angels . Que beijo! Um perfume parecia exalar pela casa. Sei lá se meu amigo beijou a menina pela qual ele estava apaixonado. Eu estava em festa.
A festa foi tão boa que estamos casados até hoje. Ainda lembro com nitidez a frase da minha moreninha ao ouvir que eu queria namorá-la: ‘não custa tentar’. Uns dezoito anos já se passaram. E outro dia passávamos num balaio promocional de CDs e vimos o tal álbum. Agora remasterizado, ainda conserva a mesma capa preta com aquela foto festiva na frente. Olhamo-nos, eu e a Lu, e sem pestanejar o adquirimos. E é um dos que mais ouvimos aqui em casa.


















NOTA
Digitado ao som do próprio CD em destaque.




[1] Às vezes o artista não tem peso e, de minha parte, merecerá comentário por alguma produção de CD e não de sua, digamos, obra.
[2] Para conhecer melhor visite o sitio http://www.wilsonphillipsmusic.com/

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